- Como obséquio de minha escravidão por amor -

19 de novembro de 2014

Poema da Bem Aventurada Virgem Mãe de Deus Maria

Primeira tradução portuguesa em ritmos feita sobre o texto contemporâneo do manuscrito de Algorta

(São José de Anchieta)

- Transcrito como obséquio de minha escravidão de amor-


Infância de Maria

Exordio


1
     Cantar ou calar?
Mãe Santíssima de Jesus, os teus louvores
hei de os cantar ou hei de os calar?
     A mente alvoroçada
sente-se impelida pelo aguilhão do amor
a oferecer a sua rainha uns versos...
5
Mas receia com a língua impura
     de cantar tuas glórias:
inúmeras culpas carregam-na de manchas.
Como ousará mundana língua enaltecer
a que encerrou no seio o Onipotente?
Apavorada a pobre mente foge,
    a não ser que o teu amor
expulse do coração o medo que o possui.
10
     Porque temer incerto?
     Porque há de gelar o peito?
Porque fria se encolherá a língua?
Mas... és tu que me obrigas a cantar:
acodes a esforçar-me balbuciante
a revigorar-me a mão tremente.
15
Tu me estreitas ao materno seio,
tu me ergues o coração prostrado
e o cumulas de graças celestiais.
Oh! se o amor da Mãe divina me não dobrar,
se à glória da Virgem meus lábios não se abrirem,
que meu coração vença em dureza
20
     a pedra, o ferro e o bronze,
     o diamante indomável!
quem me dera encerrar na arca do peito
     a tua virginal imagem,
para envolver-te, piedosa Mãe, em chamas!
     Sê tu, com o teu menino,
O único prazer, anseio, amor do meu coração!

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