Conceição da Virgem Maria
"Contrição aos pés da Virgem"
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Ai de mim! por que é que eu, cego de vil amor
à minha imundície,
te desprezei, ó mimo da Criação?
Por que se não renderam a tanta luz maus olhos?
Por que tanta fragrância me não inebriou o coração?
Oh! infeliz de mim!
requeimei o viço de minha carne e de minha alma,
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riquezas com que o Pai celeste me prendera:
E ausentando-me p'ra longe
abandonei pai e mãe
lançando minhas obras contra ti, contra Deus!
Agora enfim regresso,
à procura de meu pai, de minha mãe
e espero com teus méritos
encontrar a ti e encontrar a Deus.
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Permite que infeliz me prostre aos teus umbrais,
não cerres duramente a porta às minhas súplicas.
Deixe que aqui passe inteiras as noites,
que aqui chore inteiros os dias!
A meu peito seja tua conceição casto prazer,
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delícias, descanso, êxtase de amor
Purifique-me contemplando-a, revolvendo-a
na mente agradecida:
fujam dela as impuras imagens de outrora.
Derrotará ao sujo amor teu casto amor,
embalsar-me-á tua fragrância
o mau hálito do peito.
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Ó Virgem carinhosa tu que acolhes
os amantes da nívea castidade,
aprendida na escola de teu exemplo,
se a ti eu, com o coração manchado
me voltei mais tarde,
quando as mãos me pousaste ao afagar-me
sobre a alma semimorta:
não deixes de aquentar-me com o ardor do teu peito,
para que a chama desta carne
arrefeça vencida em tuas labaredas,
e reflita sem sombra
a castidade que te consagrei um dia,
conservando sempre assim meu juramento.
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