Conceição da Virgem Maria
"Colóquio amoroso"
Ouves, ou eu me engano,
ouves o murmúrio incerto de minha voz tremente?
ou, vida adormecida,
jazes sob o véu do seio maternal?
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Talvez que transbordante de impureza, prenhe de vícios,
minha alma obstruiu os teus ouvidos...
Oh! temo sem motivo...
para longe vãos temores!
Não me engana a suave imagem desta mãe bondosa.
Eu sempre assim te conheci, espelho imperturbável:
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a bondade de tua índole, achei-a sempre igual.
Inda que a fresca noite
deixasse de destilar o brando orvalho
e de soltar sua água as nuvens carregadas;
inda que as fontes límpidas
negassem ao viajante os olhos borbulhantes
nem fosse transparente
a linfa do regato que desliza:
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jamais tuas entranhas
deixariam de verter torrenciais de amor,
jamais se secariam teus largos rios de doçura!
Oxalá me incendeie todo inteiro
em fornalha infinita
o doce amor de teu amor!
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