- Como obséquio de minha escravidão por amor -

28 de novembro de 2014

Conceição da Virgem Maria

"Colóquio amoroso"


     Ouves, ou eu me engano,
ouves o murmúrio incerto de minha voz tremente?
     ou, vida adormecida,
jazes sob o véu do seio maternal?
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Talvez que transbordante de impureza, prenhe de vícios,
minha alma obstruiu os teus ouvidos...
     Oh! temo sem motivo...
     para longe vãos temores!
Não me engana a suave imagem desta mãe bondosa.
Eu sempre assim te conheci, espelho imperturbável:
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a bondade de tua índole, achei-a sempre igual.
     Inda que a fresca noite
deixasse de destilar o brando orvalho
e de soltar sua água as nuvens carregadas;
     inda que as fontes límpidas
negassem ao viajante os olhos borbulhantes
     nem fosse transparente
a linfa do regato que desliza:
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     jamais tuas entranhas
deixariam de verter torrenciais de amor,
jamais se secariam teus largos rios de doçura!
Oxalá me incendeie todo inteiro
     em fornalha infinita
     o doce amor de teu amor!

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