- Como obséquio de minha escravidão por amor -

8 de maio de 2015

A perda da virgindade

Lamentação aos pés da Virgem

O belo encontro


     Apenas teu semblante
assoma no limiar do lar paterno,
todas as cercanias da cidade rescendem
     do mais suave aroma.
Senti este perfume, talvez julguei senti-lo:
o certo é que me pus a correr
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seguindo o caminho por onde os pés me arrastavam.
Perguntei a mim mesmo: "Alma que fazes?
vamos, apressa-te, talvez ainda chegues
a contemplar o seu semblante virginal".
Saio como centelha em corrida vertiginosa,
     quando, de repente, ó Virgem,
te avisto ante os degraus sagrados do templo.
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     Vê-la foi tombar trespassado
     por um dardo de amor!
Como tua beleza me seduziu os olhos!
O amor da encantadora virgindade
explodiu-me no mais íntimo do peito,
     em densas labaredas.
Resolvi vestir de aço a cândida pureza,
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cercá-la de trincheiras eternamente trancadas
     com férreas traves,
e abrasar-me, ó Virgem, recalcando tuas pegadas
no itinerário feliz de tua vida...

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