- Como obséquio de minha escravidão por amor -

10 de março de 2015

Apresentação da Virgem Maria

Sacrifício Precioso


Do Senhor recebeu Maria, ao Senhor
     vem hoje restituí-la:
com tal oferta, o templo aumenta em majestade,
     Ela vence em perfume
as tenras espigas do nardo desabrochado,
o gálbano, o incenso, a mirra e o bálsamo.
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Ela dará ao mundo o cordeiro inocente
     que expungirá nossos crimes,
vítima que remirá todos os réus
     com um só sacrifício.
Logo que ele sucumbir sob o cutelo cruel
cessará a matança das vítimas bovinas.
Ele apagará nossas antigas manchas,
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lavando-as em seu sangue
mais cristalino que a cristalina fonte.
Uma só vez será imolado este cordeiro manso
e da sagrada ara seu sangue eternamente
jorrará sobre toda a humanidade.

3 de março de 2015

Apresentação da Virgem Maria

Sacrifício Novo


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Como um fio de branca fumaça rescendente,
     a Virgem se apresenta,
e o grato perfume se eleve até ao alto dos céus.
Abre, ó ostiário, a grande porta do sagrado templo,
fá-la girar em seus dourados gonzos.
Corre a cortina do santuário, ó sumo sacerdote,
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para que sobre a chama Joaquim e Ana
     deitem o seu incenso
prostrados ante o altar divino, adorem,
entre os odores do piedoso sacrifício,
a majestade suprema do Senhor.
Possuidores deste incenso novo, não mancharão,
com sangue de touros, os átrios sacrossantos:
não queimarão na pira ensanguentadas postas.
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Não aplacarão a Deus com sangue de cabritos,
nem tombará, ante as portas de bronze, a cordeirinha.
Inda que o Onipotente creou e rege com seu braço
as bestas que vagueiam pelos montes,
os hercúleos bois que pastam nas campinas
     e as feras bravias
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protegidas pela sombra espessa das florestas,
     os pássaros do céu
e os rebanhos que se vestem de lã,
     os cereais floridos
e o prados atapetados de flores mimosas:
     Nenhuma destas vítimas
poderá aplacar o céu irado,
nem o santo ancião prepara tais sacrifícios.
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Mas dignos louvores lhe brotarão do íntimo do peito,
cumprindo o voto que ao Senhor fizera,
quando arrastava amargurada existência,
     sem o prazer de um filho,
e com o opróbrio de um amaldiçoado.
Mas hoje, feliz, seu felicíssimo penhor
     eis que vem depositar:
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rico de riquíssimo tesouro ele vem
     apresentá-lo ao altar.