Apresentação da Virgem Maria
Sacrifício Novo
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Como um fio de branca fumaça rescendente,
a Virgem se apresenta,
e o grato perfume se eleve até ao alto dos céus.
Abre, ó ostiário, a grande porta do sagrado templo,
fá-la girar em seus dourados gonzos.
Corre a cortina do santuário, ó sumo sacerdote,
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para que sobre a chama Joaquim e Ana
deitem o seu incenso
prostrados ante o altar divino, adorem,
entre os odores do piedoso sacrifício,
a majestade suprema do Senhor.
Possuidores deste incenso novo, não mancharão,
com sangue de touros, os átrios sacrossantos:
não queimarão na pira ensanguentadas postas.
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Não aplacarão a Deus com sangue de cabritos,
nem tombará, ante as portas de bronze, a cordeirinha.
Inda que o Onipotente creou e rege com seu braço
as bestas que vagueiam pelos montes,
os hercúleos bois que pastam nas campinas
e as feras bravias
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protegidas pela sombra espessa das florestas,
os pássaros do céu
e os rebanhos que se vestem de lã,
os cereais floridos
e o prados atapetados de flores mimosas:
Nenhuma destas vítimas
poderá aplacar o céu irado,
nem o santo ancião prepara tais sacrifícios.
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Mas dignos louvores lhe brotarão do íntimo do peito,
cumprindo o voto que ao Senhor fizera,
quando arrastava amargurada existência,
sem o prazer de um filho,
e com o opróbrio de um amaldiçoado.
Mas hoje, feliz, seu felicíssimo penhor
eis que vem depositar:
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rico de riquíssimo tesouro ele vem
apresentá-lo ao altar.
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